segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

O WRESTLING E O FUTEBOL

O wrestling é uma modalidade desportiva onde os resultados dos encontros/combates são decididos previamente conforme os interesses dos promotores do espectáculo que controlam os atletas. O espectáculo é bem encenado e de tal forma que na assistência, em directo ou via TV, ainda há gente que toma partido e apesar das peripécias grotescas que o caracterizam, acredita que aquilo é mesmo a sério. No futebol, por vezes, acontece a mesma coisa. As cenas não são risíveis como no wrestling mas a verdade desportiva é uma quimera.

Vem isto a propósito do jogo Benfica-Belenenses onde os dois melhores jogadores azuis Miguel Rosa e Deyverson não jogaram, estando aptos para o fazer. A nebulosa obscura e gaga onde dirigentes e treinador do Belenense inscreveram as putativas explicações são do mesmo calibre ético que a manipulação dos resultados no wrestling. A diferença está em que estes “combates” são performances artísticas onde a maioria dos espectadores/adeptos sabem ao que vão. No futebol, não. Os adeptos acreditam que o futebol, ainda que seja um negócio, é coisa séria. Não é. Está controlado por gente mafiosa que influencia e manipula resultados. Interessa é ganhar, a todo o custo, recorrendo a ingredientes como a fruta, o café com leite, os acordos verbais entre cavalheiros…    

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O DERBY


Ontem houve derby ribatejano na minha terra: União Vila Franquense contra o Alverca. Fui ver. Um derby é um derby! Quando eu jogava, já lá vão uns anos… os jogos com o Alverca eram bons de jogar, geravam adrenalina e tiravam o sono. Como não havia Facebook, as discussões antecipando o encontro eram feitas cara-a-cara, principalmente nas O.G.M.A. (Oficinas Gerais de Material Aeronáutico), em Alverca, onde trabalhavam alguns jogadores e muitos adeptos de ambos os clubes.
O jogo era sempre muito disputado, dentro do campo e fora dele e, qualquer que fosse o resultado, tinha prolongamento durante a semana, com a discussão das jogadas e dos casos esmiuçados conforme o grau tendencioso e o arreganho dos oponentes. No jogo de ontem as bancadas estavam cheias como antigamente, o jogo foi rasgadinho como de costume e, tal como outrora, foi antecipado e também vai ter prolongamento, agora, nas redes sociais, com mais acinte mas sem a graça da discussão olhos nos olhos .
O que não havia no meu tempo eram as claques! A do União chama-se “Piranhas do Tejo”. Nome extraordinário. Os “Piranhas ocupam na bancada o lugar mais próximo do bar.  O apoio à equipa segue o padrão das congéneres, isto é, cânticos de incentivo aos nossos e provocações aos adversários. Lembro-me de uma delas, “Ninguém nasce em Alverca, ninguém nasce em Alverca, ninguém nasce em Alverca, olé ó”. Esta claque tem a particularidade de ser acompanhada por uma banda de músicos que tocam bem, afinados e com repertório adequado a cada situação. O ar é de festa! 
O meu clube ganhou 2-0 e comanda o campeonato.  
P.S. O meu outro clube, o Belenenses, também ganhou o derby “da linha”, com o Estoril, por 2 a 1. Foi um Domingo glorioso.    


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A FEIRA


A Feira anual que se realiza em Vila Franca, minha terra, é sempre uma ocasião para reencontrar amigos e conterrâneos que dela saíram, levados pelas andanças da vida. Não precisamos marcar encontro. O sítio do costume é a rua, ou as ruas, onde acontecem as “Esperas de Touros”. 
Ontem, assim foi. Na rua onde nasci, a 1º de Dezembro, lá foram aparecendo. Primeiro o Vítor, depois o João e o Leo, e pouco depois o Alfredo e o Cabral. Marcámos uma almoçarada para 5ª feira, onde vamos dar cabo da conversa e das saudades.
Mas este ano, o cenário onde decorre esta celebração da festa dos touros estava mais bonito: a tertúlia “de rua” do Pineta, frente à nova Biblioteca, ostentava altaneiramente a bandeira do Belenenses. Bem sei que em Vila Franca o Águia, um dos clubes que deu origem ao actual União, era filial do Belenenses e daí a existência de muitos adeptos azuis. Mas que foi uma satisfação enorme tirar esta fotografia, lá isso foi.   


segunda-feira, 25 de agosto de 2014

POR ARRASTO VAMOS...

Os meios de comunicação publicam, sobretudo, más notícias. Os crimes, as desgraças, os desvios comportamentais dos outros alimentam o medo gerado pela percepção sentida de que a ordem pública está degradada e é perigoso sair à rua.
Os “meet” de agora são reedições dos “arrastões” de outrora. O alarme gerado por notícias que constroem factos sociais mentirosos, provocam constrangimentos no modo como olhamos aqueles que são fenotípica e culturalmente diferentes de nós.
O que aconteceu ontem à noite em Cascais, foi apenas mais um episódio dessa forma paranóica de lidar com uma realidade que nos escapa. No meio de 100.000 pessoas aglomeradas num espaço sem condições, dois ou três miúdos envolveram-se numa briga. O estado de alerta latente devido aos anunciados “meet” de jovens da periferia começou por incomodar o cantor Anselmo Ralph que interrompendo o concerto e chamando a polícia gerou o pânico e isso sim, causou a confusão. Tal e qual como no “arrastão de Carcavelos” em 2005, quando o proprietário de um bar de praia chamou a polícia porque “…viu uns pretos a correr”.
Se em Carcavelos o “perigo” era personificado numa vaga ululante de jovens negros que corriam pela praia a agredir e roubar os veraneantes, brancos, claro, agora o “diabo” vestia a mesma pele e pretendia quebrar a paz e a harmonia social cascalense. Afinal, segundo o Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Lisboa, que recolheu informação junto do posto em Cascais, "não há registo de agressões" e "não houve qualquer esfaqueamento", ao contrário do veiculado por alguns órgãos de comunicação social. O que houve, referiu a fonte, foram "várias ocorrências de doença súbita, uma situação de queda e uma pessoa que, empurrada contra uma grade, teve um princípio de esmagamento, na sequência da confusão gerada no local".
Na altura, em Carcavelos, os desmentidos da polícia e de um ou dois jornais pedindo desculpa por terem sido enganados ao darem conta da ocorrência, e confirmando que não houve assaltos nem agressões mas apenas a confusão gerada pela chegada em carga da polícia de intervenção, tiveram a divulgação obrigatória e envergonhada e, por isso, insuficiente para retirar o anátema de cima dos “diabos” de pele negra que, apesar de serem tão portugueses como nós, continuaram e continuam a ser vistos como estranhos e estigmatizados em conformidade.

Sabe-se que os estereótipos morais são manipulados pelos media ao serviço das classes e dos interesses dominantes, criando segregação, barreiras e mitos que têm por fim salvaguardar-nos da mistura com os outros. Felizmente, estamos condenados a viver juntos, misturados, para o bem e para o mal. Ainda bem.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Os algarves

Poder estar com quem gostamos é uma bênção da vida que, certamente, fizemos por merecer. Ainda assim, os dias bem passados são sempre curtos e sabem a pouco.
Ontem regressei de uns dias de férias no Algarve com a filha Joana, o genro Nuno e os netos Diogo e o Francisco. 
Este ano a água está mais fria que na Nazaré. Consta! E depois? Jogamos uma futebolada ou fazemos uma caminhada pela praia e a água fica apetecível. Ou então alugamos aquela coisa, “tipo moto4 mas em gaivota, com um escorrega…”, no dizer do Francisco e, durante 1 hora o mar é nosso e até parece quentinho. Nossos são também a piscina e os relvados adjacentes. Mais os amigos e família que nos visitam, ou visitamos noutros algarves.
É tudo nosso quando fazemos por ser.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O CASAMENTO

A vida tem-me levado a viajar por situações e cenários que guardo na memória como coisas boas. Que preservo no coração. Porque gosto de escrever, de vez em quando tento partilhá-las com os outros. É o caso.
No Sábado fui ao casamento da Liliana, prima da Sandra. Muitos convidados (255), muita família, gente simpática e rica na sua diversidade. A maioria emigrada em França mas também na Suíça, nos EUA e no Canadá, narrando as histórias de sucesso em discurso empolgado num linguajar português temperado a vernáculo e aqui e ali palavras cantadas desses países. Das agruras e dramas agarrados à condição de emigrante, apenas sussurros.   
A
pós a celebração religiosa na Sé de Leiria, porque o padre é amigo dos noivos, seguiram-se as festividades à volta da comida, bebida, música, barulho, animação, apostas, palitos, histórias, burro, promessas, tunas, rituais, muita cerveja, encontros, fogo-de-artifício, desencontros, baile, copo-de-água, leitão assado e mais festa pela noite dentro.
No Domingo, almoço em casa do tio Rui e da tia Lolita. Celebravam-se três aniversários, numa família cada vez mais rica. Pela mistura: o primo Hugo casou com a peruana Betty, o primo David casou com a chinesa Yummy e daí nasceram o Dário e a Yris, os novos ídolos, adorados pelo simples facto de serem os mais recentes membros da família.

Dito isto, sinto que as palavras são curtas para descrever estes dias. Vivê-los foi bem melhor.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Colômbia e Guiné-Bissau

A Colômbia era, até há poucos anos, um local a evitar. A maioria da população vivia refém da instabilidade e da guerra entre os para-militares e a guerrilha das FARC, no cenário de um narco-estado mergulhado até ao pescoço no tráfico de cocaína e na corrupção. A taxa diária elevadíssima de homicídios tornava o acto de andar na rua uma coisa para aventureiros. A partir de 2006 a situação começou a mudar. Constava que o controlo do Estado tinha sido assumido pelo governo eleito, que as instituições funcionavam e que o desenvolvimento económico ia com a passada certa. De tal modo que a TAP até abriu uma ligação para a sua capital, Bogotá.
Aproveitando uma boleia, fui ver.    
Bogotá tem 12 milhões de habitantes. Mas não se dá por eles. Isto é, anda-se à vontade! De dia ou de noite andei de táxi e no metro de superfície “Transmilenium” e nem por um instante senti aquela sensação de insegurança que conheço bem de outros lugares. Dos lugares, interessam-me sobretudo as pessoas. Claro que gosto de conhecer as marcas históricas e culturais identitárias de cada povo. Claro que apreciei e aprendi muito na visita ao Museu do Ouro. E que foi um prazer enorme ir ao Museu Botero. Tal como foi bom visitar o Centro Cultural GABO, e beber um excelente Mojito na sua esplanada. Mas a imagem que mais retenho de Bogotá é a das ruas cheias de gente, alegre, descontraída, liberta, pareceu-me. Não sei. Sei que os colombianos com quem me cruzei foram (todos…) muito simpáticos e disponíveis. Um exemplo: na 2ª noite, fomos jantar a um restaurante que uma amiga nos tinha recomendado; demos a morada ao taxista que nos levou até próximo do local, indicando-nos o caminho que deveríamos seguir a pé. Não o encontrámos! Andámos às voltas até que decidimos perguntar a um passante. Era simpático… mas não sabia. Perguntámos a outro. Também não sabia mas indicou-nos um vendedor ambulante ali perto: “Esse deve saber…” E sabia. Sabia e fez questão de abandonar as suas coisas e acompanhar-nos até ter a certeza que íamos dar com o restaurante. Gente boa! Foi isso que senti. Tal como na Guiné…
Cheguei ontem. Falando com a Marta acerca das pessoas, ela perguntou se os colombianos são assim como os guineenses. Acho que sim, respondi. Depois de falar com ela, alarguei o pensamento e imaginei a Guiné- Bissau a seguir um caminho semelhante ao da Colômbia. Ou seja, deixar de ser um narco-estado e passar a ser um Estado controlado pelos governantes eleitos, com as instituições a funcionar ao serviço dos cidadãos, com os militares cumprindo as ordens e

manadas do poder civil, com as pessoas vivendo as suas vidas, em casas com água e luz, com um serviço de saúde minimamente digno, com segurança, sem medo de andar nas ruas. Tal como os colombianos. Já não falta muito, desejo. E confio no Primeiro-Ministro, Domingos Simões Pereira.

O facto de a TAP retomar os voos para Bissau a partir de 26 de Outubro, é um bom indício.  

quarta-feira, 23 de julho de 2014

PALESTINIANOS E ISRAELITAS

A situação actual na Palestina é mais um episódio da já longa guerra originada pela reivindicação da mesma terra por dois povos e forças que os representam. À iniquidade da ocupação israelita dos territórios onde viviam os palestinianos, desde então sujeitos a humilhações, indignidades, colonatos, muros, checkpoints, etc., contrapõe os israelitas a necessidade imperativa de assegurar a sustentabilidade da sua identidade nacional.
Seria irrealista voltar ao princípio e querer que as coisas tivessem acontecido de outra maneira. As pessoas vivem as suas vidas, têm familiares mortos, dos dois lados (bastante mais palestinianos) e defendem posições diversas nas questões políticas concretas: o lado israelita vai desde os radicais sionistas até aos judeus anti- sionistas e no lado palestiniano basta medir a distância ideológica entre o Hamas de Gaza e a Autoridade Palestiniana em Ramallah.
É claro que ambos os discursos principais estão carregados de emocionada retórica nacionalista, embora sejam evidentes as diferenças entre o nacionalismo fascista e o que subjaz ao nacionalismo dos movimentos de libertação. Mas outros valores se sobrepõem aos discursos. Há uns meses, ouvi um palestiniano exilado em Portugal dizer que o conflito não tem resolução enquanto os senhores da guerra, os que vendem e os que compram armas, tiverem o poder e contarem com a conivência dos Estados “amigos”(as aspas são dele).
As lentes ideológicas e os afectos criados com o tempo, levam-nos a fazer analogias com apartheids ou colonialismos ou a ver a situação com fundo anti-semita ou islamofóbico. Por mais partido que tomemos, petição ou vigília que façamos, nunca vamos perceber a carga emocional e o significado de perder um ente querido, inocente, nesta guerra, a que assistimos de longe.
É também por isso que estou longe de compreender o conflito e de saber como tudo vai acabar.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Scolari, o mau





Aprecio a capacidade inventiva das pessoas dotadas de percepção extraordinária, o que lhes permite a descoberta ovocolumbano das coisas. Há quem diga, pejorativamente, que é gente desocupada. Não sei mas seguramente, é gente com muito sentido de humor. 



quarta-feira, 2 de julho de 2014

Um certo modo de ser português


Ontem fui ao Planetário Calouste Gulbenkian, em Belém. Éramos oito: eu, a Sandra e a Susana, os netos Diogo e Francisco, a enteada Clarinha, mais o Alexandre e a Catarina, netos do Carlos e da Susana.
A sala estava quase cheia de crianças de escolas em visita de estudo e outras acompanhadas pelos pais ou avós. A sessão infantil começava às 14,30. Mas não começou. Durante mais quinze minutos foram entrando e entrando até que, finalmente, as portas fecharam-se. Um rapaz, de pé, na cabine de controlo, explicava em linguagem simples e apropriada o que iríamos ver nos próximos cinquenta minutos. Foi também repetindo avisos ou pedindo à infantil audiência para não conversarem enquanto decorria e exibição. Em vão. A cada imagem que aparecia no céu estrelado do Planetário seguiam-se os comentários das crianças e a reprimenda meio paternalista, meio portuguesa do rapaz do microfone, “pronto, vá lá… não conversem, não façam barulho…”
Mas o mais português acontecimento surgiu quando, passados pouco mais de dez minutos do início, o locutor interrompeu a narrativa de viagem dos astros e informou a audiência, “temos que interromper a sessão porque vamos deixar entrar uns meninos que se atrasaram…”
Acenderam-se as luzes, abriram-se as portas e lá entraram os meninos e mais os pais ou avós deles para ocupar os lugares vagos. Extraordinário foi o facto de não haver lugar para todos. Não há problema. Foram-se buscar cadeiras ao armazém, colocaram-se nas coxias e, “vamos recomeçar …” Houve mais alguns momentos de bulício entre a assistência seguidos pela voz cordata do rapaz, “pronto, vá lá…não conversem…pronto, vá lá…”
Bom, o importante é que as crianças gostaram e só nós, adultos e viajados, por nunca termos assistido a nada semelhante em situações similares, algures, notámos e comentámos esta faceta do modo de ser e estar dos lusos. Somos assim, complacentes, paternalistas, pouco rigorosos nos horários, facilitadores, desenrascados e possuidores demais características que nos marcam, para o bem e para o mal no relacionamento com os outros.

Pessoalmente, não renego nem me distancio desta atitude. A frieza do rigor em demasia é chata e desconfortável. A rigidez das normas e a inflexibilidade na sua aplicação pode ser o caminho mais correto no universo dos burocratas mas não contribui para a felicidade de ninguém. Somos um povo cheio de defeitos mas eu não gostaria de pertencer a outro.    

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

"Jovem empresário"

Bernardo Loubet da Nóbrega é o diretor executivo da empresa “Jovem Empresário”, diz-se Liberal de direita e… do Belenenses (a filiação clubística é um dos mistérios da irracionalidade, digo eu); é um idiota chapado e fã do Camilo Lourenço (idiota encartado) e será dirigente deste pobre país, um dia. Conheci-o através dum post no FB, do Manuel Campos Pinto, a quem agradeço porque é sempre bom conhecer as linhas com que se coze o inimigo. 
Correndo o risco de ser redutor afirmo que este rapaz é a face mais descarada da política deste governo. Para eles, tudo o que perturba a lógica do capitalismo selvagem deve acabar! 
Escreve o gajo, "o país tem que acabar com as bolsas para áreas improdutivas como as humanidades, artes e outras pseudo-ciências que acrescentam zero á nossa sociedade. As faculdades de letras, desporto, psicologia e humanidades, pela sua inutilidade, devem ser encerradas na sua grande maioria e as que fiquem devem ver a sua atividade reduzida ao mínimo, com despedimento da maioria do pessoal. O país não pode formar parasitas improdutivos". Um empresário como este, se puder, extermina os velhos, os doentes e os pobres. 
Se quiserem conhecer melhor o bicho, vão à sua página no FB e enojem-se!

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A MINHA VISÃO DAS PRAXES


O tema das praxes está inscrito em todas as conversas, análises e debates que por estes dias se fazem em Portugal. E isso acontece por via do choque causado pela tragédia do Meco. Mas antes já existiam nas universidade as práticas abstrusas que atentavam contra a dignidade e a sã convivência universitária e, de vez em quando, também causavam vítimas.
Há dois anos atrás, na primeira semana de aulas no ISCTE, um professor quis saber a nossa opinião sobre as praxes e propôs, como primeiro trabalho, que a sintetizássemos numa página. Na semana seguinte, na correcção do exercício o professor, sem identificar o autor, começou a ler o meu texto onde, entre outras coisas, escrevi que a praxe era uma idiotice abjecta e indigna de gente bem formada. Parou de ler e disse: “Ainda que possa estar de acordo, isto não se pode escrever!”
Este ano, ao contrário do que estava calendarizado, o início das aulas foi atrasado uma semana por causa das praxes. Na altura, dia 19 de Setembro, mostrei surpresa, no meu blogue e no FB, pela complacência da direcção da Escola e dei conta da perplexidade e indignação que senti ao assistir ao espectáculo escabroso e de mau gosto primário que decorria no pátio. E escrevi, “À imbecilidade dos comportamentos junta-se a linguagem obscena (supostamente libertadora?!) na representação de rituais que apenas impõem apatia e obediência cega aos superiores.”  
As vozes que agora se erguem exigindo culpados vestidos de bodes expiatórios que carreguem as culpas do que aconteceu calaram-se e foram coniventes com a situação. As autoridades académicas e governamentais, a imprensa, as famílias, pactuaram e foram deixando andar o folclore mascarado de “tradição” universitária – coisa inventada como a maioria das tradições – para dar patine académica a Escolas e Institutos com pouca credibilidade. Porém, a partir do momento em que as Escolas passaram a ser vistas e geridas como um negócio, os alunos adquiriram o estatuto de clientes e como o cliente tem sempre razão… até as Escolas públicas e boas como o ISCTE pactuam com esta indigente alunocracia.
A integração dos caloiros proclamada como objectivo é uma treta. A estrutura praxista é composta por “veteranos” mais escolantes que estudantes que, de um modo geral, são péssimos alunos com “autoridade” e galardões adquiridos nos chumbos, no atraso em finalizar o curso, inspirados na ideologia das claques de futebol, senhores de uma imaginação perversa e sádica aplicada na dita integração baseada, claro, na submissão e na obediência pateta aos superiores, por mais merdosos que sejam.
Uma Escola não deve servir para isto.

Amanhã, o ministro Crato vai reunir-se com reitores e alunos. Pela entrevista que o reitor da “Lusófana” deu à SIC, temo o pior. 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

FILHOS DA PUTA 2

A questão da coadoção por casais do mesmo sexo baralha-nos. Aliás, tudo o que diga respeito a matérias que fujam à héteronormatividade suscita dúvida, por vezes perplexidade e noutras, recusa. A matriz judaico-cristã formatou-nos assim a viver num modelo de família nuclear, policiando os costumes e comportamentos diferentes dos nossos.
Mas uma coisa são as nossas visões particulares e sociológicas acerca do assunto e outra, muito mais concreta, é a vida real das pessoas que por motivos que só a eles dizem respeito, romperam as normas e tiveram a coragem de constituir outros modelos familiares adequados às suas orientações e desejos e que, naturalmente, incluem crianças. E não consta que essas crianças sejam causa de tumultos nas escolas que frequentam, nos prédios e nas ruas onde vivem com a família.
A política partidária tem lógicas tão obscenas e bizarras, e às vezes tão sórdidas de fazer política que metem nojo. No Verão passado o parlamento aprovou na generalidade o projecto de coadoção. Ora a coadoção apenas legisla o direito dessa criança passar a ter o outro pai ou mãe com os direitos e deveres reconhecidos na lei, iguais aos da outra figura parental que vive lá em casa. Negar-lhes esses direito é uma afronta perpetrada por aqueles que têm tanto horror aos homossexuais que baralham tudo de propósito e, fingindo-se democratas, aprovam um referendo para tentar evitar o inevitável.

Independentemente das considerações de ordem social, política e financeira que se colocam, a principal questão aqui é moral, tem a ver com os direitos das crianças. Ouvir os argumentos que defendem esta manigância sem nome por parte dos aprendizes de feiticeiro da JSD, é repugnante. Dá vómitos só de ouvi-los falar! Por outro lado, é penoso ouvir as declarações de voto dos políticos profissionais, daqueles deputados que recorreram a este instrumento para limpar a consciência e deram-nos assim a prova provada da sua inutilidade enquanto seres pensantes que putativamente nos representam. Se tivessem vergonha, demitiam-se. Como não têm, representam apenas o que de pior e mais imoral existe na política. Uns e outros só merecem o meu desprezo.    

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

FILHOS DA PUTA 1

Os advogados do padre e ex-vice reitor do Seminário do Fundão, que foi condenado a 10 anos de prisão por 19 crimes de abuso sexual de menores, pede, hoje, no recurso interposto para a Relação de Coimbra, que o arguido seja absolvido, com base em nulidades e inconstitucionalidades. As inconstitucionalidades alegadas são um artigo da concordata assinado entre a Santa Sé e o Estado português que, segundo dizem, impedia os magistrados de ouvir o padre! Não interessa se é assassino, pedófilo ou autor de qualquer outro crime. As “nulidades” onde o pedófilo se quer agarrar estão no facto de as crianças terem sido ouvidas, para memória futura, em áudio e não em vídeo!
Já com o Pinto, o “Papa” do futebol, aconteceu coisa semelhante há atrasado… isto é, existem as escutas telefónicas incluídas no processo “Apito Dourado”, onde o “dono” do futebol fala com um empresário e refere a “fruta para dormir” para a equipa de arbitragem de um jogo qualquer mas depois os juízes não aceitaram as escutas como prova porque…já nem me lembro.
Se estes gajos, padres, “papas” de qualquer paróquia, advogados que aceitam defender estes vigaristas, fossem sérios, dizia-lhes para terem vergonha. Como sei que não são apenas os mando de volta para a puta que os pariu.