sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

FILHOS DA PUTA 2

A questão da coadoção por casais do mesmo sexo baralha-nos. Aliás, tudo o que diga respeito a matérias que fujam à héteronormatividade suscita dúvida, por vezes perplexidade e noutras, recusa. A matriz judaico-cristã formatou-nos assim a viver num modelo de família nuclear, policiando os costumes e comportamentos diferentes dos nossos.
Mas uma coisa são as nossas visões particulares e sociológicas acerca do assunto e outra, muito mais concreta, é a vida real das pessoas que por motivos que só a eles dizem respeito, romperam as normas e tiveram a coragem de constituir outros modelos familiares adequados às suas orientações e desejos e que, naturalmente, incluem crianças. E não consta que essas crianças sejam causa de tumultos nas escolas que frequentam, nos prédios e nas ruas onde vivem com a família.
A política partidária tem lógicas tão obscenas e bizarras, e às vezes tão sórdidas de fazer política que metem nojo. No Verão passado o parlamento aprovou na generalidade o projecto de coadoção. Ora a coadoção apenas legisla o direito dessa criança passar a ter o outro pai ou mãe com os direitos e deveres reconhecidos na lei, iguais aos da outra figura parental que vive lá em casa. Negar-lhes esses direito é uma afronta perpetrada por aqueles que têm tanto horror aos homossexuais que baralham tudo de propósito e, fingindo-se democratas, aprovam um referendo para tentar evitar o inevitável.

Independentemente das considerações de ordem social, política e financeira que se colocam, a principal questão aqui é moral, tem a ver com os direitos das crianças. Ouvir os argumentos que defendem esta manigância sem nome por parte dos aprendizes de feiticeiro da JSD, é repugnante. Dá vómitos só de ouvi-los falar! Por outro lado, é penoso ouvir as declarações de voto dos políticos profissionais, daqueles deputados que recorreram a este instrumento para limpar a consciência e deram-nos assim a prova provada da sua inutilidade enquanto seres pensantes que putativamente nos representam. Se tivessem vergonha, demitiam-se. Como não têm, representam apenas o que de pior e mais imoral existe na política. Uns e outros só merecem o meu desprezo.    

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