A situação actual na Palestina é mais um episódio da já
longa guerra originada pela reivindicação da mesma terra por dois povos e
forças que os representam. À iniquidade da ocupação israelita dos territórios
onde viviam os palestinianos, desde então sujeitos a humilhações, indignidades,
colonatos, muros, checkpoints, etc., contrapõe os israelitas a necessidade
imperativa de assegurar a sustentabilidade da sua identidade nacional.
Seria irrealista voltar ao princípio e querer que as coisas tivessem
acontecido de outra maneira. As pessoas vivem as suas vidas, têm familiares
mortos, dos dois lados (bastante mais palestinianos) e defendem posições diversas
nas questões políticas concretas: o lado israelita vai desde os radicais
sionistas até aos judeus anti- sionistas e no lado palestiniano basta medir a
distância ideológica entre o Hamas de Gaza e a Autoridade Palestiniana em
Ramallah.
É claro que ambos os discursos principais estão carregados
de emocionada retórica nacionalista, embora sejam evidentes as diferenças entre
o nacionalismo fascista e o que subjaz ao nacionalismo dos movimentos de libertação.
Mas outros valores se sobrepõem aos discursos. Há uns meses, ouvi um
palestiniano exilado em Portugal dizer que o conflito não tem resolução
enquanto os senhores da guerra, os que vendem e os que compram armas, tiverem o
poder e contarem com a conivência dos Estados “amigos”(as aspas são dele).
As lentes ideológicas e os afectos criados com o tempo, levam-nos
a fazer analogias com apartheids ou colonialismos ou a ver a situação com fundo
anti-semita ou islamofóbico. Por mais partido que tomemos, petição ou vigília
que façamos, nunca vamos perceber a carga emocional e o significado de perder
um ente querido, inocente, nesta guerra, a que assistimos de longe.
É também por isso que estou longe de compreender o conflito
e de saber como tudo vai acabar.
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