quarta-feira, 23 de julho de 2014

PALESTINIANOS E ISRAELITAS

A situação actual na Palestina é mais um episódio da já longa guerra originada pela reivindicação da mesma terra por dois povos e forças que os representam. À iniquidade da ocupação israelita dos territórios onde viviam os palestinianos, desde então sujeitos a humilhações, indignidades, colonatos, muros, checkpoints, etc., contrapõe os israelitas a necessidade imperativa de assegurar a sustentabilidade da sua identidade nacional.
Seria irrealista voltar ao princípio e querer que as coisas tivessem acontecido de outra maneira. As pessoas vivem as suas vidas, têm familiares mortos, dos dois lados (bastante mais palestinianos) e defendem posições diversas nas questões políticas concretas: o lado israelita vai desde os radicais sionistas até aos judeus anti- sionistas e no lado palestiniano basta medir a distância ideológica entre o Hamas de Gaza e a Autoridade Palestiniana em Ramallah.
É claro que ambos os discursos principais estão carregados de emocionada retórica nacionalista, embora sejam evidentes as diferenças entre o nacionalismo fascista e o que subjaz ao nacionalismo dos movimentos de libertação. Mas outros valores se sobrepõem aos discursos. Há uns meses, ouvi um palestiniano exilado em Portugal dizer que o conflito não tem resolução enquanto os senhores da guerra, os que vendem e os que compram armas, tiverem o poder e contarem com a conivência dos Estados “amigos”(as aspas são dele).
As lentes ideológicas e os afectos criados com o tempo, levam-nos a fazer analogias com apartheids ou colonialismos ou a ver a situação com fundo anti-semita ou islamofóbico. Por mais partido que tomemos, petição ou vigília que façamos, nunca vamos perceber a carga emocional e o significado de perder um ente querido, inocente, nesta guerra, a que assistimos de longe.
É também por isso que estou longe de compreender o conflito e de saber como tudo vai acabar.

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