quarta-feira, 30 de julho de 2014

Colômbia e Guiné-Bissau

A Colômbia era, até há poucos anos, um local a evitar. A maioria da população vivia refém da instabilidade e da guerra entre os para-militares e a guerrilha das FARC, no cenário de um narco-estado mergulhado até ao pescoço no tráfico de cocaína e na corrupção. A taxa diária elevadíssima de homicídios tornava o acto de andar na rua uma coisa para aventureiros. A partir de 2006 a situação começou a mudar. Constava que o controlo do Estado tinha sido assumido pelo governo eleito, que as instituições funcionavam e que o desenvolvimento económico ia com a passada certa. De tal modo que a TAP até abriu uma ligação para a sua capital, Bogotá.
Aproveitando uma boleia, fui ver.    
Bogotá tem 12 milhões de habitantes. Mas não se dá por eles. Isto é, anda-se à vontade! De dia ou de noite andei de táxi e no metro de superfície “Transmilenium” e nem por um instante senti aquela sensação de insegurança que conheço bem de outros lugares. Dos lugares, interessam-me sobretudo as pessoas. Claro que gosto de conhecer as marcas históricas e culturais identitárias de cada povo. Claro que apreciei e aprendi muito na visita ao Museu do Ouro. E que foi um prazer enorme ir ao Museu Botero. Tal como foi bom visitar o Centro Cultural GABO, e beber um excelente Mojito na sua esplanada. Mas a imagem que mais retenho de Bogotá é a das ruas cheias de gente, alegre, descontraída, liberta, pareceu-me. Não sei. Sei que os colombianos com quem me cruzei foram (todos…) muito simpáticos e disponíveis. Um exemplo: na 2ª noite, fomos jantar a um restaurante que uma amiga nos tinha recomendado; demos a morada ao taxista que nos levou até próximo do local, indicando-nos o caminho que deveríamos seguir a pé. Não o encontrámos! Andámos às voltas até que decidimos perguntar a um passante. Era simpático… mas não sabia. Perguntámos a outro. Também não sabia mas indicou-nos um vendedor ambulante ali perto: “Esse deve saber…” E sabia. Sabia e fez questão de abandonar as suas coisas e acompanhar-nos até ter a certeza que íamos dar com o restaurante. Gente boa! Foi isso que senti. Tal como na Guiné…
Cheguei ontem. Falando com a Marta acerca das pessoas, ela perguntou se os colombianos são assim como os guineenses. Acho que sim, respondi. Depois de falar com ela, alarguei o pensamento e imaginei a Guiné- Bissau a seguir um caminho semelhante ao da Colômbia. Ou seja, deixar de ser um narco-estado e passar a ser um Estado controlado pelos governantes eleitos, com as instituições a funcionar ao serviço dos cidadãos, com os militares cumprindo as ordens e

manadas do poder civil, com as pessoas vivendo as suas vidas, em casas com água e luz, com um serviço de saúde minimamente digno, com segurança, sem medo de andar nas ruas. Tal como os colombianos. Já não falta muito, desejo. E confio no Primeiro-Ministro, Domingos Simões Pereira.

O facto de a TAP retomar os voos para Bissau a partir de 26 de Outubro, é um bom indício.  

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