sexta-feira, 10 de abril de 2015

Nós e os chineses - 2

A China é uma potência com peso crescente na economia global. Este é um facto incontornável. A sua entrada em África baralhou as contas aos países ocidentais habituados a colonizar e a neocolonizar à vontade e sem prestar contas. Duvido que a China seja mais “amiga” dos povos africanos do que os antigos “patrões” ocidentais. No entanto, quero crer que a sua presença no terreno com condições altamente concorrenciais obriga a melhorar objectivamente os termos em que a ajuda ao desenvolvimento desses países é prestada.

Esta entrada acontece às claras, perante a inércia ou impotência dos países “instalados” e alguma surpresa das opiniões públicas, formatadas numa história baseada na pressuposta superioridade cultural do Ocidente que, sobretudo a partir do iluminismo, autonomeou-se o farol da humanidade a quem compete derramar luz sobre as trevas onde vivem os africanos, esses bárbaros…

Ora, aparecerem agora os chineses, esses outros bárbaros… a meterem-se no meio desta gloriosa porém incompleta cruzada civilizacional, não faz nenhum sentido. Há que denunciá-los! Porquê? Na falta de factos concretos ou argumentos usam-se mitos: o “perigo amarelo” é um deles.

Até prova em contrário, o “perigo amarelo” é-o, sim, mas para o monopólio dos estados e corporações “instalados” há séculos no continente e que agora enfrentam a concorrência chinesa. Ao considerar a China uma “ameaça”, o Ocidente pode estar a camuflar não o medo real mas apenas a arrogância e o paternalismo de quem se sente dono de pessoas e bens.

Mas é bom que não adormeçam.

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