A China é uma
potência com peso crescente na economia global. Este é um facto incontornável.
A sua entrada em África baralhou as contas aos países ocidentais habituados a
colonizar e a neocolonizar à vontade e sem prestar contas. Duvido que a China
seja mais “amiga” dos povos africanos do que os antigos “patrões” ocidentais.
No entanto, quero crer que a sua presença no terreno com condições altamente
concorrenciais obriga a melhorar objectivamente os termos em que a ajuda ao
desenvolvimento desses países é prestada.
Esta entrada acontece
às claras, perante a inércia ou impotência dos países “instalados” e alguma
surpresa das opiniões públicas, formatadas numa história baseada na pressuposta
superioridade cultural do Ocidente que, sobretudo a partir do iluminismo, autonomeou-se
o farol da humanidade a quem compete derramar luz sobre as trevas onde vivem os
africanos, esses bárbaros…
Ora, aparecerem agora
os chineses, esses outros bárbaros… a meterem-se no meio desta gloriosa porém
incompleta cruzada civilizacional, não faz nenhum sentido. Há que denunciá-los!
Porquê? Na falta de factos concretos ou argumentos usam-se mitos: o “perigo
amarelo” é um deles.
Até prova em
contrário, o “perigo amarelo” é-o, sim, mas para o monopólio dos estados e
corporações “instalados” há séculos no continente e que agora enfrentam a concorrência
chinesa. Ao considerar a China uma “ameaça”, o Ocidente pode estar a camuflar
não o medo real mas apenas a arrogância e o paternalismo de quem se sente dono
de pessoas e bens.
Mas é bom que não
adormeçam.
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