sexta-feira, 24 de abril de 2015

UNIÃO DESPORTIVA VILAFRANQUENSE É CAMPEÃO!


Ontem à noite fui ao hóquei. O União jogava com o Clube TAP e se ganhasse sagrava-se Campeão Regional de Seniores. Ganhámos 5-2.

Houve um tempo, por volta dos anos 60, em que o Hóquei em Patins era uma modalidade querida da gente da minha terra. Nessa altura, em vez do “Pavilhão” havia o velho “Ringue de Patinagem”, rudimentar, descoberto, com piso em cimento, bancadas de madeira, mas com vista e cheiro a Tejo e, principalmente, muito calor humano e o entusiasmo de centenas de pessoas que vibravam com os feitos da equipa, cantavam as vitórias,” carpiam as derrotas culpando os árbitros que, quantas vezes, eram avisados em alto e bom som… “Gatuno, vais p’ó lodo…” Nunca foi nenhum!

Ontem, sentado nas bancadas frias do Pavilhão, construído onde era o Ringue, revi em pensamento esse filme, antigo. Não sou dado a nostalgias. Cada coisa tem o seu tempo e cada tempo o seu modo. Antes, na minha infância e adolescência, a Televisão era um luxo que só entrava em poucas casas. À minha chegou tarde. As ruas, o “campo da feira” (o nosso estádio…), o largo da Câmara, o Jardim à beira rio, eram espaços para os jogos, os divertimentos, os encontros. Quase só íamos a casa para comer e dormir.



O Pavilhão, ontem, tinha muita gente. Pela importância do jogo e pela presença em massa da claque do Clube, os “Piranhas do Tejo”. Foram eles a puxar pela equipa, à força de cânticos acompanhados a tambor, adereços luminosos e fumos. Os outros espectadores, eu incluído, batíamos palmas a uma ou outra jogada e, sim, aplaudimos de pé os nossos golos. No fim houve festa. Curta. Em casa é que se está bem…                                                                                                                                                                                                                            

sábado, 11 de abril de 2015

NÓS E OS ANIMAIS

Hoje fomos passear a Lisboa. Almoçámos no Mercado da Ribeira e depois fomos desmoer o almoço pela beira do rio, Praça do Comércio e arredores. À volta da estátua do D. José estava um grupo de pessoas da associação “Animal” em modo de manifestação. Parámos, observámos os cartazes e ouvimos um “raper” a cantar (mal) e seguimos caminho. Subimos ao Arco da Rua Augusta, tirámos fotografias e foi aí que começámos a ouvir os sons da “Manif”. As duas primeiras palavras de ordem foram suficientes para perceber o rigor e a demagogia dos promotores e também para me irritar: “Tourada e Escravatura, a mesma Cultura” e “Os animais são nossos irmãos”, são frases que revelam os equívocos e o vazio de ideias de quem as diz.

Defender os animais assim, com base em pressupostos errados, não é contribuir para colocar o tema no plano em que deve ser abordado. As pessoas têm deveres para com os animais. Mas os animais não são pessoas e ainda menos são nossos irmãos. A carência de afectos não pode justificar tudo.     

                                                                                                                                                       



sexta-feira, 10 de abril de 2015

Nós e os chineses - 2

A China é uma potência com peso crescente na economia global. Este é um facto incontornável. A sua entrada em África baralhou as contas aos países ocidentais habituados a colonizar e a neocolonizar à vontade e sem prestar contas. Duvido que a China seja mais “amiga” dos povos africanos do que os antigos “patrões” ocidentais. No entanto, quero crer que a sua presença no terreno com condições altamente concorrenciais obriga a melhorar objectivamente os termos em que a ajuda ao desenvolvimento desses países é prestada.

Esta entrada acontece às claras, perante a inércia ou impotência dos países “instalados” e alguma surpresa das opiniões públicas, formatadas numa história baseada na pressuposta superioridade cultural do Ocidente que, sobretudo a partir do iluminismo, autonomeou-se o farol da humanidade a quem compete derramar luz sobre as trevas onde vivem os africanos, esses bárbaros…

Ora, aparecerem agora os chineses, esses outros bárbaros… a meterem-se no meio desta gloriosa porém incompleta cruzada civilizacional, não faz nenhum sentido. Há que denunciá-los! Porquê? Na falta de factos concretos ou argumentos usam-se mitos: o “perigo amarelo” é um deles.

Até prova em contrário, o “perigo amarelo” é-o, sim, mas para o monopólio dos estados e corporações “instalados” há séculos no continente e que agora enfrentam a concorrência chinesa. Ao considerar a China uma “ameaça”, o Ocidente pode estar a camuflar não o medo real mas apenas a arrogância e o paternalismo de quem se sente dono de pessoas e bens.

Mas é bom que não adormeçam.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

NÓS E OS CHINESES


Tempos houve em que a China era vermelha. Os maoistas portugueses, eu incluído, admirávamos os ditos e os feitos de um povo antigo que soubera libertar-se de opressores orientais e ocidentais, e construir um país à sua medida. Depois, os anos foram passando, as nossas utopias também, os ditos deixaram de fazer sentido, nem para mim nem para os chineses, pelos vistos, porque em vez do vermelho passaram a preferir a cor do pragmatismo, isto é: cor nenhuma a não ser a do dinheiro, e a fazer o que faz qualquer capitalista sem pudor ou açaime.
Feita esta declaração de interesses… devo acrescentar que o posterior contacto com eles, fez-me perceber a enorme distância cultural (em termos de hábitos) que nos separa e enterrou qualquer resquício de simpatia sobrevivente.
Muitos anos e toneladas de notícias depois sobre a anunciada conquista do ocidente pelo “perigo amarelo”, deparo-me com uma dúvida: qual é a diferença entre os capitalistas chineses e os americanos, ingleses, alemães ou outros que andam a comprar o que está à venda? Será que os chineses são piores?  
Bom, pelos vistos os actuais e futuros governantes do meu país não partilham esse receio. Os actuais acabam de pedir a adesão ao banco que a China fundou, o Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (AIIB). E aqui há um mês, o nosso futuro Primeiro, António Costa, já elogiara os amigos chineses!

Posso andar distraído, mas não li ou ouvi notícias, comentários ou explicações na nossa imprensa acerca desta atração nacional pelo “perigo amarelo”. Li apenas que os EUA não gostaram nada da ideia do banco que, ao que parece, vai fazer concorrência séria ao Banco mundial e às outras instituições financeiras controladas pelos americanos. Mas isso, meus caros, são outras contas.