Raif Badawi, o
liberal árabe-saudita que foi condenado a uma sentença de 1000 chicotadas e 10
anos de prisão na sequência da criação de um blog onde teve a ousadia de abrir
um debate de carácter político e social sobre o seu país, é a última prova da
hipocrisia vigente entre os políticos mundiais deste lado do mundo. A Arábia Saudita, país que condenou publica e presencialmente os actos contra a
liberdade de expressão no estrangeiro, no seu país aplica esta medida
repressiva e assassina de qualquer arremedo de liberdade.
Os EUA, Grã-
Bretanha e outros países ocidentais amigos e aliados do regime saudita, que com
eles desfilaram na primeira fila da manifestação de Paris de repúdio aos ataques
terroristas ao Charlie Hebdo, até à data não despoletaram protesto que se visse
ou acção diplomática contra estes escroques. O termo é esse. Não há relativismo
cultural que justifique outra abordagem desta questão.
O António e o
Brito, cartoonistas com quem mantenho relações de amizade diferentes, em
proximidade e antiguidade, num programa de TV desta semana referiram-se a essa
linha da frente diplomática como um mostruário de hipocrisia e oportunismo
político. António citou Willen, um cartoonista de 73 anos, do Charlie Hebdo que provavelmente está vivo porque gosta de reuniões e por isso faltou àquela reunião onde os seus amigos foram assassinados, dizendo,"vomitamos
sobre as pessoas que, de repente, garantem ser nossos amigos". O Brito em
directo e em nome pessoal disse que cuspia naquela gente. Não querendo chegar a
níveis tão escatológicos limito-me a manifestar o meu desprezo por tal gente
que dirige o mundo com esta diplomacia a cheirar a merda.
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