quarta-feira, 8 de abril de 2015

NÓS E OS CHINESES


Tempos houve em que a China era vermelha. Os maoistas portugueses, eu incluído, admirávamos os ditos e os feitos de um povo antigo que soubera libertar-se de opressores orientais e ocidentais, e construir um país à sua medida. Depois, os anos foram passando, as nossas utopias também, os ditos deixaram de fazer sentido, nem para mim nem para os chineses, pelos vistos, porque em vez do vermelho passaram a preferir a cor do pragmatismo, isto é: cor nenhuma a não ser a do dinheiro, e a fazer o que faz qualquer capitalista sem pudor ou açaime.
Feita esta declaração de interesses… devo acrescentar que o posterior contacto com eles, fez-me perceber a enorme distância cultural (em termos de hábitos) que nos separa e enterrou qualquer resquício de simpatia sobrevivente.
Muitos anos e toneladas de notícias depois sobre a anunciada conquista do ocidente pelo “perigo amarelo”, deparo-me com uma dúvida: qual é a diferença entre os capitalistas chineses e os americanos, ingleses, alemães ou outros que andam a comprar o que está à venda? Será que os chineses são piores?  
Bom, pelos vistos os actuais e futuros governantes do meu país não partilham esse receio. Os actuais acabam de pedir a adesão ao banco que a China fundou, o Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (AIIB). E aqui há um mês, o nosso futuro Primeiro, António Costa, já elogiara os amigos chineses!

Posso andar distraído, mas não li ou ouvi notícias, comentários ou explicações na nossa imprensa acerca desta atração nacional pelo “perigo amarelo”. Li apenas que os EUA não gostaram nada da ideia do banco que, ao que parece, vai fazer concorrência séria ao Banco mundial e às outras instituições financeiras controladas pelos americanos. Mas isso, meus caros, são outras contas.

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